O plano do Pai é revelado

segunda-feira, 3 de agosto de 2009


...nada do que Deus planejou foi afetado pelo tempo...

Olhando a partir de Seu ponto de vista paternal, podemos entender melhor que nada daquilo que Deus planejou e tinha como propósito nos conselhos da eternidade foi afetado pelo tempo, pelo pecado ou pela Queda do homem. Porque Deus é Deus, aquilo que Ele planejou será realizado. Isaías, o profeta, fala por Ele: ...Eu sou Deus (...) Eu o disse, Eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei (Is 46.9, 11b). Vejamos, então como o Plano do Pai é Revelado.
Há quatro fases pelas quais Deus deseja que cada um de nós passemos. A menos que compreendamos o plano que Deus tem em mente, nunca entenderemos com clareza porque cada um desses passos são necessários para realizar Seu objetivo. Essas fases são melhor descritas por meio de quatro palavras:

ser – relaciona-se com a criação;
tornar-se – relaciona-se com a filiação;
compartilhar – diz respeito a ser herdeiro;
reinar – relaciona-se a governo.

Em primeiro lugar, é importante entender que Adão, quando foi criado, não possuía a vida divina. Apesar de ter sido criado sem pecado, inteligente e feliz, o primeiro homem não possuía nem uma minúscula fagulha da vida não criada de Deus. Biologicamente, o homem no Jardim não era um filho de Deus. Somente no sentido da criação ele poderia ser considerado filho de Deus.

A vida de Deus é eterna e não criada. Uma vez que Adão não passava de um ser criado, ele deveria, segundo o propósito de Deus, possuir essa vida criada até o momento que se tornaria alguém que compartilhasse da Vida divina. Uma vez que a vida humana começa com Adão, todos os homens são criaturas que neles mesmos não possuem nada da vida eterna de Deus. Eles devem ser chamados filhos de Deus em potencial, pois são criados com um espírito que pode ser despertado através da vida de Deus. Todavia, somente exercitando o seu poder de escolha, abraçando o caminho e o modo de vida divinos, eles podem receber vida de Deus e tornar-se, filhos de Deus através da operação do Espírito Santo.

Algo que Adão nunca teve

De acordo com Sua maneira de operar – primeiro natural e depois o espiritual, primeiro a obediência e depois a revelação – Deus não poderia conceder vida divina a Adão. A árvore da vida (um tipo do Filho eterno, o qual é o doador da vida) cresceu no Jardim, mas Adão ainda não havia compreendido o seu supremo valor.

Além disso, nos parece evidente que, no ato supremo da criação de Adão à Sua imagem e semelhança, Deus contemplou a humanidade com muito mais do que o restante de Sua criação poderia desfrutar. Contudo, mesmo com Deus, o processo criativo tem suas limitações. Adão fora destinado a ser tudo o que Deus poderia fazer dele através de Sua mão criadora. No entanto, a vida divina de Deus, Sua natureza, Seu poder e capacidade de governar somente poderiam ser alcançados através de outros meios. Assim, a porta estava aberta para Adão tornar-se, compartilhar e governar.

Vamos considerar, então, que mesmo antes de Adão ter pecado, ainda assim ele necessitava de um relacionamento vital a fim de tornar-se um filho segundo o plano do Pai. Como as coisas ficam diferentes quando fazemos essa importante descoberta! O primeiro Adão foi criado com vida natural, isto é, tornou-se alma vivente, e somente através de uma união com Deus ele poderia experimentar a vida não criada de Cristo, o último Adão, o qual foi enviado como um Espírito vivificador.

Talvez nada tenha cegado a visão e impedido o crescimento dos crentes de forma tão contundente quanto a falsa concepção que Adão sem pecado e em seu estado de inocência era tudo aquilo que Deus havia designado que ele fosse. É esse erro que leva muitos a crer que o mais alto propósito de Deus é restaurar para o homem o paraíso perdido. Esse tipo de raciocínio é fruto de um ponto de partida equivocado.

Em seu livro A vida cristã normal, Watchman Nee confirma essa verdade: “Qual era o (Seu) propósito? Deus desejava ter uma raça... cujos membros fossem dotados de um espírito através do qual fosse possível ter comunhão com Ele, que é Espírito. Essa raça, tendo a própria vida de Deus, deveria cooperar assegurando a finalização de Seu propósito derrotando todas as possíveis investidas do inimigo e desfazendo suas obras más... Deus está ocupado em nos levar para dentro do Seu propósito e trazer para dentro de nós ALGO QUE ADÃO NUNCA TEVE... ir muito além da restauração de uma posição perdida. É algo positivo e proposital”.

O Plano Original do Pai

Seu plano não foi criado por causa do pecado, como muitos podem inadvertidamente pensar, mas originou-se no coração do Pai; ele já era completo antes mesmo do pecado.

Desde o início, temos certeza, Deus pretendia que Adão (e sua família) se desenvolvessem moral, mental e espiritualmente. Nós sabemos que Adão foi criado perfeito. Com isso queremos dizer que ele não tinha imperfeições uma vez que era obra das mãos de Deus. Ele era perfeito da mesma forma como um pequeno bebê é perfeito, contudo inexperiente ou não desenvolvido moral ou espiritualmente. Esse desenvolvimento é algo que Adão somente poderia ter à medida que crescesse continuamente na prática de fazer escolhas de caráter moral.

Ao referir-se a esse assunto, Oswaldo Chambers sugere que era plano de Deus que Adão, através de uma série de escolhas de caráter moral, tomasse parte em seu próprio desenvolvimento moral; isto é, ele deveria transformar a vida natural em vida espiritual por meio da obediência a Deus.

Se Adão, que foi criado neutro, se voltasse voluntariamente para o caminho de Deus e escolhesse ser dependente de Deus, ele, dessa forma, se tornaria capaz de receber da árvore da vida (o que representava a própria vida de Deus). Deus, então, teria uma vida de união com o homem. Isso é Filiação.

O caminho designado por Deus para Adão era filiação, herança e reinado. Todavia essas três fases do plano e Deus somente podem tornar-se reais à medida que Seus filhos aprendem a ser guiados pelo Espírito. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos (maduros) de Deus (Rm 8.14). Desde a eternidade, o chamamento de Deus para Adão e sua posteridade tem sido para que entrem na filiação a qual, por sua vez, é a porta de entrada para:

PARTICIPAÇÃO – em Sua própria vida e propósito;

APROPRIAÇÃO – de tudo aquilo que Deus deseja compartilhar conosco;

QUALIFICAÇÃO – através da disciplina para assumir o trono.

Observe como Paulo chega em Romanos 8.14. Após ter capítulos anteriores, ele chega agora na posição onde Adão poderia estar caso tivesse ingressado no caminho de viver para o propósito e intenção de Deus. Na verdade, é trágico que o alvo de tantas pessoas seja somente chegar a essa posição. Para Paulo, que compreendia o propósito de Deus, esta posição é, na verdade, simplesmente o ponto de partida, o começo a partir do qual se pode realizar para Deus. Vejamos como essas três fases, filiação, herança e reinado devem ser efetivadas na experiência de cada filho através de um caminho de participação, apropriação e qualificação.

Primeiro, FILIAÇÃO. Em Rm 8.16, Paulo mostra que Espírito testifica a cada pessoa quando esta é um filho de Deus, um nascido de novo (teknon). O desejo do Pai é que o Espírito possa trabalhar nos recém-nascidos para que eles alcancem uma completa filiação. Amados, nós somos, (mesmo aqui e agora) filhos de Deus; ainda não se manifestou (não se tornou claro) o que havemos de ser (no futuro), mas sabemos que quando Ele vier e se manifestar, nós (como filhos de Deus) seremos semelhantes a ele... E a si mesmo se purifica todo aquele que tem esta esperança... (1 Jo 3.2,3 trad. A.N.).

Nós devemos discernir com presteza que há algumas coisas que vêm somente como um dom de Deus – Sua vida, Sua natureza, Seu Espírito. Entretanto, há outras, como um caráter semelhante ao de Cristo, a mente de Cristo, visão, propósito e dedicação que são o produto de treinamento, vida vitoriosa, disciplina, perseguição, tribulações e intensiva qualificação espiritual. Tudo isso estava de acordo com o plano original de Deus – não porque o homem pecou, mas mesmo que ele nunca tivesse caído.

Segundo, HERANÇA. Em Rm 8.17, Paulo escreve a nossa situação de co-herdeiros com Cristo. A relação de nascimento concede o direito à herança, todavia, participação em toda a herança é concedida somente àqueles que vivem segundo o propósito de Deus.

Quando Alexandre, o Grande, tinha somente doze anos de idade, seu pai, o rei Filipe da Macedônia, providenciou para que Aristóteles fosse seu companheiro e tutor. Mais tarde, Alexandre disse que o grande filósofo era seu pai. Ele quis dizer com isso que havia recebido seu corpo através de Filipe, mas Aristóteles, no entanto, era o pai da sua mente. Alexandre disse que era mais agradecido a Aristóteles por todo o conhecimento que dele recebera do que a seu pai por ter-lhe dado a vida.

Da mesma forma, nós, como filhos de Deus por nascimento, devemos decidir se permitiremos que nosso Pai celestial nos conceda Sua mente, planos, visão e supremo propósito. Há muito mais que Ele deseja compartilhar com aqueles que, por nascimento e desenvolvimento de caráter, são capazes de receber alimento sólido. Ele está sempre esperando até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13).

Mesmo que algumas vezes esqueçamos do propósito de Deus para cada um de Seus filhos, Ele nunca esquece. E Ele nos conduz através de inúmeras experiências, incompreensíveis quando não vistas à luz de Seu propósito. Cada experiência de cruz tem o objetivo de levar-nos a uma participação mais plena na herança.

Assim, vamos ter presente esta distinção e não enganar a nós mesmo pensando que porque tivemos certas experiências ou todas elas juntas signifiquem, em si mesmas, que alcançamos crescimento em estatura ou caráter. Elas são como uma série de crises através das quais o Espírito Santo conduz o coração faminto em sua busca pela verdade. As experiências são como portas abertas através das quais nós passamos. (Nenhuma experiência tem um fim em si mesma). À medida que passamos através dessas portas, sempre tendo em mente Seu supremo propósito, devemos nos render ao propósito de cada crise.

Dessa forma, enquanto nós somos potencialmente herdeiros por nascimento, há muito ainda que o Pai não pode compartilhar conosco até que sejamos suficientemente maduros. Ele espera compartilhar uma medida mais plena de Sua luz e amor; todavia, antes disso, nossa pequena capacidade deve ser alargada. Ele deseja compartilhar Sua paz e alegria; mas, antes, algumas lições devem ser aprendidas na Sua escola. Ele espera conceder Sua sabedoria e conhecimento, mas somente a experiência pode nos fazer participantes disso.

Finalmente, REINADO. Rm 8.17 fala da glória que deve vir após o sofrimento. ...se perseveramos, também com ele reinaremos... (2 Tm 2.12). Não é unicamente sofrimento, mas o sofrimento resultante de aprender a obediência, que qualifica para o trono. Há ainda muito mais envolvido nessa qualificação para o trono que pode ser mais completamente apreciado à medida que outras verdades forem reveladas nos próximos capítulos.

Agora vamos somente dizer que o primeiro chamado feito por Deus ao homem foi para que esse governasse sobre a Terra (à medida que ele fosse qualificado para isso), e Seu último chamado para o homem é para o reinado com Ele sobre os mais altos céus. Entrar em tal reinado juntamente com o Senhor Jesus é algo que ultrapassa o nosso entendimento. Mas, como veremos, esse é o propósito do Pai para aqueles que forem qualificados.

Por fim, podemos ter certeza que o homem nunca viverá além da visão que ele possui. Se simplesmente salvação, vitória ou restauração do paraíso perdido for o alvo, chegar em Romanos capítulo oito é o final de tudo. E as três fases de crescimento que estivemos anteriormente considerando não terão significado algum. Contudo, à medida que chegarmos à visão mais ampla de Deus e compreendermos Seu Supremo Propósito completamente, encontraremos uma nova vibração em nosso interior – descobriremos o que significa ser um filho que tem uma vida centralizada em Deus e que vive com o supremo em vista.

DeVern Fromke

Extraído do Livro “O Supremo Propóstio”.
Site Celebrando Deus

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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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